Muitos o procuraram ao longo dos milénios. Muitas vidas vaguearam no seu rasto. Muitas almas peregrinas largaram tudo pelo desejo de o encontrar. Ei-lo aqui, disponível para quem o quiser.
O segredo da felicidade está na junção de três pilares.
Os três pilares são os seguintes:
1º: desenvolvimento psicológico. A contribuíção deste pilar para a felicidade é o seguinte: a pessoa compreender de onde veio, como funciona, e quais são as forças e os mecanismos que actuam em si. Descobrir a sua liberdade fundamental para ser aquilo que quiser ser. Saber encontrar a sua identidade e a sua autonomia, e aceitar-se por se saber produto das suas opções, quaisquer que sejam os condicionamentos exteriores. Saber que os acontecimentos, as circunstâncias e as características não a definem, e que é qualquer coisa para além de tudo isso. A pessoa conhecer-se a si própria: saber distinguir o que sente a cada momento e em relação a cada coisa e a cada pessoa, e o que quer fazer em relação a isso. Ter uma vida emocional saudável e fluída, sem bloqueios, sem assuntos por resolver, verdadeiramente entregue ao momento e à relação com a vida. Saber quais são as diferentes facetas que formam o seu ser, reconhecê-las na acção, e integrá-las num sentido superior e coerente de self. Resumindo, a tudo isto e a outras mais coisas chama-se desenvolvimento psicológico.
2º: amor. O 1º pilar sozinho não chega para a felicidade. A pessoa pode ter um grande desenvolvimento psicológico, mas não viver em amor. As contribuíções deste pilar são as seguintes: gostar de si próprio, da sua personalidade, do seu corpo, e gostar de estar consigo mesmo. Gostar das pessoas com quem escolhe relacionar-se, e saber viver relações ao mesmo tempo autónomas e profundamente íntimas. Ter um sentido do outro: procurar e respeitar o outro, querer o outro, o bem do outro, e apreciar o prazer do outro. Gostar da Natureza: apreciar o bem que vem dela; aceitar o mal que vem dela; viver em harmonia com ela. Cultivar a sensibilidade que vem do amor: desenvolver um olhar maravilhado pela vida. Ter um verdadeiro prazer de viver, desde que acorda até se deitar; e durante o sono também.
3º: fé. Os 1ºs dois pilares não chegam para a felicidade. A pessoa pode ter um grande desenvolvimento psicológico e viver em amor consigo, com os outros e com o mundo, mas não encontrar sentido no mundo, não ter esperança na resolução positiva das coisas, não acreditar na vida eterna para além da morte, e não acreditar num Ser superior do qual procedem todas as coisas e para o qual caminham todas as coisas. A felicidade completa só é atingida com este pilar. Sem este pilar, haverá muitos momentos felizes, possivelmente uma vida inteira de felicidade. Mas com este pilar essa felicidade ganha um sentido de êxtase, uma noção de perfeição inerente e transversal a todas as coisas, noção essa que por sua vez se manifesta nos mais pequenos pormenores e em toda as áreas da sua vida, elevando-as a um patamar superior e global.
Muitos conhecem a pirâmide de Maslow, que diz que as necessidades superiores do Homem só se atingem se as necessidades inferiores estiverem satisfeitas. Eu proponho uma visão inversa dessa pirâmide: quem atinge estes três pilares, torna-se mais ou menos "imune" à falta dos patamares inferiores. Com estes pilares, é possível ser-se feliz mesmo na adversidade e no sofrimento, embora, obviamente, o sofrimento seja sempre indesejável.
Vamos ser felizes? :)
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Barack Obama
Parece impossível, mas lembro-me que numa aula de inglês, há muitos anos, praí no 8º ano, ou por aí, a minha professora estava a dar matérias relacionadas com os estados unidos, e disse nada mais nada menos que nos estados unidos só os WASPs eram eleitos presidentes. WASP é a sigla para: "White, Anglo-Saxonic and Protestant".
Agora parece realmente impossível, porque hoje ficou para trás. Mas é impressionante o facto de termos vivido num mundo em que isso era um facto tão normal, que era ensinado nas escolas.
Dá vontade de pensar: que factos consideramos agora normais e também não o são realmente? Acho que a única maneira de percebermos quais são esses factos, é sermos totalmente independentes das tendências actuais da opinião pública, independentes de preconceitos (que tanto podem ser de direita como de esquerda, religiosos como anti-religiosos, etc.), independentes de valores que nos tenham sido transmitidos exteriormente sem passarem pela nossa própria avaliação. Enfim: independentes de tudo.
A única maneira é desenvolvermos a nossa própria moralidade, a nossa própria hierarquia de valores, baseadas apenas na nossa própria busca independente pela verdade, embora considerando sériamente todas as propostas que nos são feitas nesse sentido.
Se fizermos uma busca com esta independência imparcial, e que seja uma busca honesta pela verdade, tenho a certeza que nunca nos enquadraremos totalmente em nenhum quadrante político, filosófico ou religioso actual, pois há verdade e há erro em cada um deles.
A verdade, a justiça, a paz e o respeito são de tal maneira deslumbrantes, que onde eles estão existe sempre amor, alegria, tolerância, liberdade, honestidade, humildade e perdão.
Ou melhor, vou reformular a frase: o amor é de tal maneira deslumbrante, que é a única coisa da qual pode nascer a verdade, a justiça, a paz e o respeito. E o amor só existe onde houver tolerância, liberdade, honestidade, humildade e perdão. O sinal que o acompanha é uma alegria grande, simples e transparente.
Agora parece realmente impossível, porque hoje ficou para trás. Mas é impressionante o facto de termos vivido num mundo em que isso era um facto tão normal, que era ensinado nas escolas.
Dá vontade de pensar: que factos consideramos agora normais e também não o são realmente? Acho que a única maneira de percebermos quais são esses factos, é sermos totalmente independentes das tendências actuais da opinião pública, independentes de preconceitos (que tanto podem ser de direita como de esquerda, religiosos como anti-religiosos, etc.), independentes de valores que nos tenham sido transmitidos exteriormente sem passarem pela nossa própria avaliação. Enfim: independentes de tudo.
A única maneira é desenvolvermos a nossa própria moralidade, a nossa própria hierarquia de valores, baseadas apenas na nossa própria busca independente pela verdade, embora considerando sériamente todas as propostas que nos são feitas nesse sentido.
Se fizermos uma busca com esta independência imparcial, e que seja uma busca honesta pela verdade, tenho a certeza que nunca nos enquadraremos totalmente em nenhum quadrante político, filosófico ou religioso actual, pois há verdade e há erro em cada um deles.
A verdade, a justiça, a paz e o respeito são de tal maneira deslumbrantes, que onde eles estão existe sempre amor, alegria, tolerância, liberdade, honestidade, humildade e perdão.
Ou melhor, vou reformular a frase: o amor é de tal maneira deslumbrante, que é a única coisa da qual pode nascer a verdade, a justiça, a paz e o respeito. E o amor só existe onde houver tolerância, liberdade, honestidade, humildade e perdão. O sinal que o acompanha é uma alegria grande, simples e transparente.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Autonomia
O processo de autonomização é uma das coisas mais importantes no desenvolvimento humano. A criança tem o desafio da autonomia tão cedo como entre os 12 meses e os 3 anos de vida, e este processo é influenciado pela sua relação com os seus pais, através de coisas como a liberdade e apoio que tem ou não para explorar o ambiente, para tomar iniciativas, etc. Mas, apesar de nesta idade ser uma questão central, continua a ser, pela vida fora, um processo em evolução que em grande parte dos adultos ainda está a ser trabalhado e a influenciar profundamente a sua vida.
A autonomia tem a ver com o facto de a pessoa se assumir e se tornar uma pessoa com uma individualidade própria, diferenciada e separada dos outros, nomeadamente dos pais (ou de outras pessoas significativas quando se trata de adultos). É constituída por várias componentes:
Uma componente emocional - a pessoa sentir-se ou não abandonada, isolada, nostálgica, perdida, triste, etc., quando experimenta a solidão, ou, por outro lado, estar bem consigo própria apesar de apreciar e precisar da companhia de outros para se sentir mais feliz.
Uma componente cognitiva - a pessoa ser ou não capaz de ter uma relação plena com as suas experiências, sendo capaz de reconhecer, avaliar, compreender, e dar significado aos acontecimentos, às pessoas, aos lugares, etc., sem precisar da mediação de outros para esse efeito.
Uma componente de identidade - a pessoa ser capaz de definir quem é e como é, diferenciando-se dos outros e das suas origens, criando a sua própria maneira de ser e estar no mundo, os seus próprios valores e ideologias, preferências, gôstos estéticos, etc., sem se sentir perdida, confusa, anónima ou "amorfa" quando separada das suas origens (não se trata de abandonar as suas origens, mas de senti-las mais como uma parte de si própria que representa uma base e um ponto de partida).
Uma componente ligada ao "self" - a pessoa ser capaz de - sem precisar da validação de outros - reconhecer e gerir os seus estados psicológicos internos (humor, sensações, idéias, etc.) e as diferentes dimensões que constituem o seu "eu".
Uma componente ligada ao seu auto-conceito - a pessoa avaliar-se e aprovar-se a si própria segundo os seus próprios critérios e não por critérios externos.
Uma componente relacional - a pessoa assumir-se como um interveniente nas relações com os outros, alguem que age e reage com um conjunto de características como afirmação, assertividade, iniciativa, sensibilidade, responsabilidade, ponderação, etc.
Uma componente comportamental - um repertório de competências e aprendizagens importantes (como a capacidade de se auto-sustentar, de prover às suas necessidades, de aprender, de planificar e implementar objectivos, e poderíamos continuar a enumerar por aí fora uma quantidade de aquisições importantes para a vida da pessoa).
E também se poderia enumerar mais componentes que não me esteja a lembrar daquilo a que chamamos autonomia, mas estas parecem-me talvez as mais importantes.
Este caminho faz-se nas relações humanas mais importantes para a pessoa ao longo da sua vida, sendo que o equilíbrio entre a segurança e a liberdade são essenciais para que seja um caminho bem sucedido. É um caminho longo, delicado e às vezes doloroso, mas que envolve também a paixão da descoberta de si próprio e da maravilha que é viver, sentir e apreciar este Dom misterioso e infinitamente grandioso que é existir.
A autonomia tem a ver com o facto de a pessoa se assumir e se tornar uma pessoa com uma individualidade própria, diferenciada e separada dos outros, nomeadamente dos pais (ou de outras pessoas significativas quando se trata de adultos). É constituída por várias componentes:
Uma componente emocional - a pessoa sentir-se ou não abandonada, isolada, nostálgica, perdida, triste, etc., quando experimenta a solidão, ou, por outro lado, estar bem consigo própria apesar de apreciar e precisar da companhia de outros para se sentir mais feliz.
Uma componente cognitiva - a pessoa ser ou não capaz de ter uma relação plena com as suas experiências, sendo capaz de reconhecer, avaliar, compreender, e dar significado aos acontecimentos, às pessoas, aos lugares, etc., sem precisar da mediação de outros para esse efeito.
Uma componente de identidade - a pessoa ser capaz de definir quem é e como é, diferenciando-se dos outros e das suas origens, criando a sua própria maneira de ser e estar no mundo, os seus próprios valores e ideologias, preferências, gôstos estéticos, etc., sem se sentir perdida, confusa, anónima ou "amorfa" quando separada das suas origens (não se trata de abandonar as suas origens, mas de senti-las mais como uma parte de si própria que representa uma base e um ponto de partida).
Uma componente ligada ao "self" - a pessoa ser capaz de - sem precisar da validação de outros - reconhecer e gerir os seus estados psicológicos internos (humor, sensações, idéias, etc.) e as diferentes dimensões que constituem o seu "eu".
Uma componente ligada ao seu auto-conceito - a pessoa avaliar-se e aprovar-se a si própria segundo os seus próprios critérios e não por critérios externos.
Uma componente relacional - a pessoa assumir-se como um interveniente nas relações com os outros, alguem que age e reage com um conjunto de características como afirmação, assertividade, iniciativa, sensibilidade, responsabilidade, ponderação, etc.
Uma componente comportamental - um repertório de competências e aprendizagens importantes (como a capacidade de se auto-sustentar, de prover às suas necessidades, de aprender, de planificar e implementar objectivos, e poderíamos continuar a enumerar por aí fora uma quantidade de aquisições importantes para a vida da pessoa).
E também se poderia enumerar mais componentes que não me esteja a lembrar daquilo a que chamamos autonomia, mas estas parecem-me talvez as mais importantes.
Este caminho faz-se nas relações humanas mais importantes para a pessoa ao longo da sua vida, sendo que o equilíbrio entre a segurança e a liberdade são essenciais para que seja um caminho bem sucedido. É um caminho longo, delicado e às vezes doloroso, mas que envolve também a paixão da descoberta de si próprio e da maravilha que é viver, sentir e apreciar este Dom misterioso e infinitamente grandioso que é existir.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
A toca do bicho Homem
Uma casa, na minha concepção do termo, é uma espécie duma "toca". Esta ideia remete-nos desde logo para um lado animal e natural do conceito de casa. Uma casa é uma coisa que está "em relação" com o que há fora de si, ou seja, o conceito de casa implica uma relação com a Natureza: a função da casa é regular a relação do Homem com a Natureza, defendê-lo das intempéries, das temperaturas extremas, da acção de outros animais, etc. E para mim, não só a casa é uma forma de relação com a Natureza, como deve ser uma extensão modificada e um reflexo dela: deve ser um pedaço de Natureza transformada de modo a servir o Homem nas suas necessidades, e não deve ser uma coisa separada da Natureza, sem vestígios dessa Natureza dentro de si. Em todas as culturas tradicionais, o recheio das casas privilegia significados relacionados com a Natureza: peles de caça, chifres de presas, couros, tapeçarias, representações artísticas de animais e plantas, materiais "nobres" como a madeira ou o mármore, e por aí fora.
Outra característica que, para mim, uma casa deve ter, é conforto. A casa, já que é feita para regular a relação do Homem com a Natureza, deve ter condições benignas para o Homem: conforto, luz, calor, por exemplo. Mas mais do que isso, deve representar uma relação de amor do Homem consigo próprio: o Homem deve tratar-se com carinho através da sua casa. As coisas devem estar lá para o servir, para tornar a sua existência mais agradável e criativamente rica. Não é necessário que haja luxo: tudo isto pode ser feito com simplicidade e despojamento.
Finalmente, para mim, uma casa deve ter em si também uma relação da pessoa que a habita com a História da sua cultura e da sua família, e deve ter um sentido de continuidade entre o passado, o presente e o futuro. Esta relação não deve estagnar no passado, através de estilos antigos ultrapassados, mas também não deve ignorar o passado. E deve ter em si o reflexo das experiências presentes que vão alterando a relação do Homem com o mundo, aberta à introdução de novos elementos no futuro.
Por todas estas razões, é-me difícil gostar de estilos arquitectónicos que rompam com estas três características, como por exemplo o minimalismo. Como é que é possível alguém sentir-se na sua "toca" numa casa minimalista? Onde está aí representada a relação com a Natureza, a ligação aos elementos culturais que fazem parte da história da pessoa e das suas origens, e onde está aí o conforto, o calor e o carinho das pessoas para consigo próprias? Onde está aí a promoção duma existência agradável e criativamente rica? E quem diz o minimalismo, diz também muitos outros estilos... é raro encontrar casas em que uma pessoa chegue e aprecie esta densidade e maturidade no "saber viver". Mas viver é de facto uma experiência que pode ser muito mais do que a maior parte de nós sabemos.
Outra característica que, para mim, uma casa deve ter, é conforto. A casa, já que é feita para regular a relação do Homem com a Natureza, deve ter condições benignas para o Homem: conforto, luz, calor, por exemplo. Mas mais do que isso, deve representar uma relação de amor do Homem consigo próprio: o Homem deve tratar-se com carinho através da sua casa. As coisas devem estar lá para o servir, para tornar a sua existência mais agradável e criativamente rica. Não é necessário que haja luxo: tudo isto pode ser feito com simplicidade e despojamento.
Finalmente, para mim, uma casa deve ter em si também uma relação da pessoa que a habita com a História da sua cultura e da sua família, e deve ter um sentido de continuidade entre o passado, o presente e o futuro. Esta relação não deve estagnar no passado, através de estilos antigos ultrapassados, mas também não deve ignorar o passado. E deve ter em si o reflexo das experiências presentes que vão alterando a relação do Homem com o mundo, aberta à introdução de novos elementos no futuro.
Por todas estas razões, é-me difícil gostar de estilos arquitectónicos que rompam com estas três características, como por exemplo o minimalismo. Como é que é possível alguém sentir-se na sua "toca" numa casa minimalista? Onde está aí representada a relação com a Natureza, a ligação aos elementos culturais que fazem parte da história da pessoa e das suas origens, e onde está aí o conforto, o calor e o carinho das pessoas para consigo próprias? Onde está aí a promoção duma existência agradável e criativamente rica? E quem diz o minimalismo, diz também muitos outros estilos... é raro encontrar casas em que uma pessoa chegue e aprecie esta densidade e maturidade no "saber viver". Mas viver é de facto uma experiência que pode ser muito mais do que a maior parte de nós sabemos.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Economia... bah
A economia está má. E eu que ainda não percebi nada de como isso tudo funciona... quem me explica? Porque é que coisas tão sérias dependem de jogos psicológicos de confiança e optimismo nas bolsas? E o que raio são as bolsas? Compram e vendem títulos que não existem ainda (futuros)?? Vivem de apostas, e atrás dessas apostas vai tudo aquilo que é real e não fictício como os títulos e as acções? Enfim...
E porque raio é que as crises mundiais afectam a minha vida? E porque é que não podemos todos fazer uma combinação de trabalhar na mesma a fazer exactamente o que fazíamos antes, e pagar o mesmo que pagávamos antes uns aos outros?
Hum... a mim a economia parece-me uma coisa bastante estúpida, e por isso é que o meu canito não lhe liga nenhuma.
E porque raio é que as crises mundiais afectam a minha vida? E porque é que não podemos todos fazer uma combinação de trabalhar na mesma a fazer exactamente o que fazíamos antes, e pagar o mesmo que pagávamos antes uns aos outros?
Hum... a mim a economia parece-me uma coisa bastante estúpida, e por isso é que o meu canito não lhe liga nenhuma.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Poder

Quando a minha prof. Emília disse numa aula que "em todas as relações humanas há uma luta de poder", a minha reacção foi de desconfiança e espanto. Então por acaso a vida trata-se só de luta? Será que quando estamos com família, amigos, namorada, estamos a pensar em dominá-los? Claro que não, pensava eu. E continuo a pensar que não, nesse sentido.
Mas noutro sentido, depois de começar a reparar nisso, descobri que ela tem razão, em todas as relações humanas há uma luta de poder. Cada um de nós representa um pedaço de energia que vai em determinada direcção, e as direcções das pessoas não coincidem exactamente entre si, o que significa... luta de poder. Cada um tenta levar a sua a cabo, não em coisas grandes, mas em coisas pequenas, subtis.
Não estou a falar de guerras ou conflitos abertos, mas de comparações de força, tentativas de modelar o outro segundo os nossos padrões, etc. Num grupo de amigos há os que numa conversa falam mais e outros menos, há os que têm mais poder de decisão, etc. E entre duas pessoas também há hábitos e padrões que se formam quando a relação está a começar e que regulam que tipo de coisas são esperadas de ambos. E esses padrões vão sendo testados por um e por outro em tentativas subtis e inconscientes de controlo e de libertação. Não é maldade, não é egocentrismo, não é intencional, não é anormal. Existe e é natural, e o melhor nome para descrever esses equilíbrios que se geram numa relação, é... luta de poder.
Há um autor brasileiro, Roberto Freire, um psiquiatra, que compara a Psicologia a Política, pois diz que todos os problemas psicológicos vêm da falta de liberdade para se viver o prazer que se busca naturalmente, e que essa falta de liberdade vem dos outros que nos pressionam, condicionam, etc. Ele criou uma técnica terapêutica que tem o objectivo de fazer com que as pessoas tomem consciência dos modos como a sua liberdade é cortada subtilmente pelos outros nos padrões de relacionamento do dia-a-dia, para depois re-encontrarem essa liberdade e viverem o prazer que é suposto a vida oferecer. No fundo, é uma questão de política, é equilibrar o poder que cada indivíduo exerce sobre si e sobre os outros. Não concordo a 100% com a sua teoria, principalmente porque ele sexologiza muito a questão (como todos os psicanalistas clássicos), e reduz bastante o prazer ao sexo. Mas acho que a sua visão tem muito de verdade, também.
Liberdade pra dentro da cabeça!!
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Utopia
Acredito que o Homem é um ser naturalmente nómada, e, num sentido evolucionista, a percentagem de tempo que a nossa espécie passou como nómada é esmagadoramente maior do que a percentagem de tempo que passou como sedentária. O aparecimento da agricultura foi a responsável pelo aumento da produção alimentar que pela primeira vez na História significou a existência de um excedente que as pessoas poderiam comercializar. Esse excedente – as colheitas agrícolas – eram armazenadas em locais comunitários e serviam como moeda de troca por outros bens de que as pessoas necessitavam. Uma vez que começou a haver um excedente da produção agrícola para ser trocado por outros bens, passou a haver uma representação simbólica do seu valor, e daí foi um simples passo para o aparecimento de valores abstractos representados por um símbolo: a moeda, o dinheiro. Da agricultura e da gestão do seu produto nasceu o sedentarismo, a necessidade de demarcação e defesa de territórios e fronteiras, e a estratificação da sociedade numa complexidade exagerada de especializações profissionais.
Para além disso, a agricultura significou uma mudança não só da própria sociedade humana, mas da Natureza em si. A filosofia de todos os povos caçadores e recolectores de frutos, sempre foi a do respeito pelo estado da Natureza: estes povos realmente deixavam poucos vestígios da sua passagem, e o ciclo natural de renovação prosseguia após a sua passagem. A agricultura foi o princípio da transformação da paisagem, do aspecto da superfície da Terra, e da interferência na ordem natural da fauna e da flora. Num campo agrícola, onde originalmente viviam milhares de espécies de plantas e animais num equilíbrio harmonioso e interdependente, a agricultura vem reduzir essa variedade a um pequeno punhado de espécies animais e vegetais: a planta cultivada e os poucos insectos, pássaros, ratos e ervas daninhas que dependem e coexistem com essa única espécie vegetal.
A sedentarização trouxe, assim, uma redução astronómica da variedade animal e vegetal sobre a Terra, e uma redução astronómica da variedade inerente à experiência humana sobre a Terra. A vida moderna não proporciona às pessoas uma vida global em experiências. Somos projectados desde que nascemos para um esquema de vida redutor e corrosivo da nossa energia vital. E o mais triste é que a maior parte de nós adopta como sua própria filosofia esse estilo de vida, aprendendo a defender a necessidade da indústria, do petróleo, dos tribunais, das prisões, do Estado, da Economia, e de todos os mecanismos sociais que mantêm a corda ao pescoço do homem livre.
É fácil de reparar, através da cultura, da arte e até da expressão facial e da fisionomia dos povos nómadas, a riqueza experiencial das suas vidas. Estes povos são dificilmente “domados” pela “civilização”, tentando sobreviver num equilíbrio miserável mas no qual se pode admirar os vestígios duma nobreza arcaica. Os povos sedentários recorrem a eles para reavivar os seus instintos vitais através das suas músicas, das suas lendas, e dos significados românticos associados às suas raças. De facto, os antigos povos nómadas tinham uma experiência de vida global, rica em variedade de actividades, sentimentos, lugares, e tudo o mais. Um nómada acordava quase cada dia em lugares diferentes, conhecia diferentes climas, diferentes faunas e floras, diferentes culturas humanas, diferentes linguagens, resumindo, diferentes experiências. Este facto obrigava-o a viver no aqui e no agora, tendo pouca margem para estar preso a bens materiais, a memórias do passado, e tendo em cada dia uma necessidade vital de se adaptar às experiências do presente. Havia pouco espaço para uma estratificação exagerada das actividades profissionais, e cada pessoa fazia um bocadinho de tudo.
A sua experiência de vida era global, como foi feita para ser com todos os seres humanos, e era simples e despojada. Apesar de já não ser possível ser-se nómada sobre a Terra, o nomadismo é ainda uma óptima imagem para ilustrar um conjunto de conceitos desejáveis e essenciais para a vida humana, quer seja nómada ou não: o despojamento, a simplicidade, a vivência do presente, a vitalidade, o respeito e comunhão com a Natureza, a cooperação, etc., etc. E não é nada por acaso que na Bíblia os nómadas são sempre vistos como uma espécie de “predilectos” de Deus: os pastores, viajantes, peregrinos, etc. (nómadas), são sempre escolhidos em detrimento dos agricultores ou outro tipo de sedentários. Isto vê-se em várias ocasiões: Caim, o agricultor, matou, por inveja, o seu irmão Abel, pastor nómada; entre todos os filhos de Jessé, o escolhido para ser o futuro rei de Israel foi o mais novo e insignificante, David, que andava pelos campos a tocar harpa e a apascentar as ovelhas; na parábola do filho pródigo, o agricultor invejoso protesta com seu pai por perdoar ao seu irmão que partiu em viagem para terras distantes (onde viveu em pecado); São João Baptista e a maior parte dos profetas eram peregrinos errantes; e o próprio Jesus viveu a caminhar, sem ter onde reclinar a cabeça.
Utópico? Sim, sou utópico. A minha alma sobrevive pela esperança de uma total e completa revolução. Os meus pulmões respiram em livros de anarquia. O meu espírito anseia pela elevação da Humanidade a um estado superior digno do seu nome. Só o amor é a solução. É a pedra angular da anarquia e o segredo da utopia.
E o amor é Deus, e Deus é Jesus Cristo.
Para além disso, a agricultura significou uma mudança não só da própria sociedade humana, mas da Natureza em si. A filosofia de todos os povos caçadores e recolectores de frutos, sempre foi a do respeito pelo estado da Natureza: estes povos realmente deixavam poucos vestígios da sua passagem, e o ciclo natural de renovação prosseguia após a sua passagem. A agricultura foi o princípio da transformação da paisagem, do aspecto da superfície da Terra, e da interferência na ordem natural da fauna e da flora. Num campo agrícola, onde originalmente viviam milhares de espécies de plantas e animais num equilíbrio harmonioso e interdependente, a agricultura vem reduzir essa variedade a um pequeno punhado de espécies animais e vegetais: a planta cultivada e os poucos insectos, pássaros, ratos e ervas daninhas que dependem e coexistem com essa única espécie vegetal.
A sedentarização trouxe, assim, uma redução astronómica da variedade animal e vegetal sobre a Terra, e uma redução astronómica da variedade inerente à experiência humana sobre a Terra. A vida moderna não proporciona às pessoas uma vida global em experiências. Somos projectados desde que nascemos para um esquema de vida redutor e corrosivo da nossa energia vital. E o mais triste é que a maior parte de nós adopta como sua própria filosofia esse estilo de vida, aprendendo a defender a necessidade da indústria, do petróleo, dos tribunais, das prisões, do Estado, da Economia, e de todos os mecanismos sociais que mantêm a corda ao pescoço do homem livre.
É fácil de reparar, através da cultura, da arte e até da expressão facial e da fisionomia dos povos nómadas, a riqueza experiencial das suas vidas. Estes povos são dificilmente “domados” pela “civilização”, tentando sobreviver num equilíbrio miserável mas no qual se pode admirar os vestígios duma nobreza arcaica. Os povos sedentários recorrem a eles para reavivar os seus instintos vitais através das suas músicas, das suas lendas, e dos significados românticos associados às suas raças. De facto, os antigos povos nómadas tinham uma experiência de vida global, rica em variedade de actividades, sentimentos, lugares, e tudo o mais. Um nómada acordava quase cada dia em lugares diferentes, conhecia diferentes climas, diferentes faunas e floras, diferentes culturas humanas, diferentes linguagens, resumindo, diferentes experiências. Este facto obrigava-o a viver no aqui e no agora, tendo pouca margem para estar preso a bens materiais, a memórias do passado, e tendo em cada dia uma necessidade vital de se adaptar às experiências do presente. Havia pouco espaço para uma estratificação exagerada das actividades profissionais, e cada pessoa fazia um bocadinho de tudo.
A sua experiência de vida era global, como foi feita para ser com todos os seres humanos, e era simples e despojada. Apesar de já não ser possível ser-se nómada sobre a Terra, o nomadismo é ainda uma óptima imagem para ilustrar um conjunto de conceitos desejáveis e essenciais para a vida humana, quer seja nómada ou não: o despojamento, a simplicidade, a vivência do presente, a vitalidade, o respeito e comunhão com a Natureza, a cooperação, etc., etc. E não é nada por acaso que na Bíblia os nómadas são sempre vistos como uma espécie de “predilectos” de Deus: os pastores, viajantes, peregrinos, etc. (nómadas), são sempre escolhidos em detrimento dos agricultores ou outro tipo de sedentários. Isto vê-se em várias ocasiões: Caim, o agricultor, matou, por inveja, o seu irmão Abel, pastor nómada; entre todos os filhos de Jessé, o escolhido para ser o futuro rei de Israel foi o mais novo e insignificante, David, que andava pelos campos a tocar harpa e a apascentar as ovelhas; na parábola do filho pródigo, o agricultor invejoso protesta com seu pai por perdoar ao seu irmão que partiu em viagem para terras distantes (onde viveu em pecado); São João Baptista e a maior parte dos profetas eram peregrinos errantes; e o próprio Jesus viveu a caminhar, sem ter onde reclinar a cabeça.
Utópico? Sim, sou utópico. A minha alma sobrevive pela esperança de uma total e completa revolução. Os meus pulmões respiram em livros de anarquia. O meu espírito anseia pela elevação da Humanidade a um estado superior digno do seu nome. Só o amor é a solução. É a pedra angular da anarquia e o segredo da utopia.
E o amor é Deus, e Deus é Jesus Cristo.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
O CERN da questão (ficção científica torna-se realidade)
"O professor Otto E. Rössler, nascido em 1940, é acadêmico de longa trajetória e membro do Instituto de Química Física e Teórica da Universidade de Tübingen. Ele é um dos que advertem contra eventuais efeitos destrutivos do LHC (Large Hadron Collider), o maior acelerador de partículas do mundo, a ser posto em atividade nesta quarta-feira (10/09).
Suas advertências têm sido ignoradas ou ridicularizadas pela comunidade científica. E no entanto o que estaria em jogo é a sobrevivência da humanidade, afirma. O cientista alemão concedeu uma entrevista exclusiva à DW-WORLD.DE.
DW-WORLD.DE: Que perigos acarreta o acelerador de partículas LHC (Large Hadron Collider)?
Rössler: Pela primeira vez se incrementará a energia por um fator de oito. É como se se aumentasse a potência de um microscópio oito vezes mais do que jamais foi feito. Ou se acelerasse um meio de transporte a uma velocidade oito vezes maior. Sempre podem surgir imprevistos. E, naturalmente, o mesmo ocorre neste caso. Dever-se-ia, por exemplo, incrementar a energia lentamente, para poder prevenir o que ocorre. Ao contrário, planeja-se incrementá-la de um golpe só, e isto é muito imprudente.
Há perigos que não foram excluídos e que, no entanto, não se deveria descartar antes de empreender algo arriscado. Não seria tão difícil excluí-los convocando peritos na matéria e pedindo-lhes que refutassem os cenários de risco postos sobre a mesa. Porém isto não foi feito. Recusando-se, o CERN [Conselho Europeu de Pesquisa Nuclear, em Genebra] está atuando de maneira irracional, indigna da ciência, e que a desacredita em nível mundial. Quer dizer, trata-se de uma questão exclusivamente teórica. Infelizmente, relacionada com a sobrevivência da humanidade.
Fala-se, neste contexto, da "criação" de buracos negros...
Vemos, sim, o perigo de buracos negros. É precisamente isto o que se poderia produzir e, na realidade, são eles um dos objetivos desse experimento.
Quer dizer que se poderia produzir um buraco negro que cresceria, devorando tudo a seu redor?
Em última instância, sim. Seria um miniburaco negro, imensamente pequeno. Há apenas algumas teorias segundo as quais eles poderiam produzir-se, e são estas que o CERN quer comprovar. Entretanto, se esses miniburacos negros surgirem – à razão de um por segundo, que é o que se espera – e um deles permanecer na Terra, em vez de se "evaporar", a única coisa que poderia fazer é crescer. O CERN pensa que se esfumarão, mas há indícios concretos de que tal poderia não acontecer. E é isto o que se deveria esclarecer. Caso não desapareçam, devorariam a Terra a partir do interior, em algum momento, com maior ou menor velocidade. O CERN argumenta que lentamente. Eu creio que seria rapidamente."
AAHHH!! E se este cientista tem razão? :-I loll...
(notícia aqui)
Suas advertências têm sido ignoradas ou ridicularizadas pela comunidade científica. E no entanto o que estaria em jogo é a sobrevivência da humanidade, afirma. O cientista alemão concedeu uma entrevista exclusiva à DW-WORLD.DE.
DW-WORLD.DE: Que perigos acarreta o acelerador de partículas LHC (Large Hadron Collider)?
Rössler: Pela primeira vez se incrementará a energia por um fator de oito. É como se se aumentasse a potência de um microscópio oito vezes mais do que jamais foi feito. Ou se acelerasse um meio de transporte a uma velocidade oito vezes maior. Sempre podem surgir imprevistos. E, naturalmente, o mesmo ocorre neste caso. Dever-se-ia, por exemplo, incrementar a energia lentamente, para poder prevenir o que ocorre. Ao contrário, planeja-se incrementá-la de um golpe só, e isto é muito imprudente.
Há perigos que não foram excluídos e que, no entanto, não se deveria descartar antes de empreender algo arriscado. Não seria tão difícil excluí-los convocando peritos na matéria e pedindo-lhes que refutassem os cenários de risco postos sobre a mesa. Porém isto não foi feito. Recusando-se, o CERN [Conselho Europeu de Pesquisa Nuclear, em Genebra] está atuando de maneira irracional, indigna da ciência, e que a desacredita em nível mundial. Quer dizer, trata-se de uma questão exclusivamente teórica. Infelizmente, relacionada com a sobrevivência da humanidade.
Fala-se, neste contexto, da "criação" de buracos negros...
Vemos, sim, o perigo de buracos negros. É precisamente isto o que se poderia produzir e, na realidade, são eles um dos objetivos desse experimento.
Quer dizer que se poderia produzir um buraco negro que cresceria, devorando tudo a seu redor?
Em última instância, sim. Seria um miniburaco negro, imensamente pequeno. Há apenas algumas teorias segundo as quais eles poderiam produzir-se, e são estas que o CERN quer comprovar. Entretanto, se esses miniburacos negros surgirem – à razão de um por segundo, que é o que se espera – e um deles permanecer na Terra, em vez de se "evaporar", a única coisa que poderia fazer é crescer. O CERN pensa que se esfumarão, mas há indícios concretos de que tal poderia não acontecer. E é isto o que se deveria esclarecer. Caso não desapareçam, devorariam a Terra a partir do interior, em algum momento, com maior ou menor velocidade. O CERN argumenta que lentamente. Eu creio que seria rapidamente."
AAHHH!! E se este cientista tem razão? :-I loll...
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