quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Autonomia

O processo de autonomização é uma das coisas mais importantes no desenvolvimento humano. A criança tem o desafio da autonomia tão cedo como entre os 12 meses e os 3 anos de vida, e este processo é influenciado pela sua relação com os seus pais, através de coisas como a liberdade e apoio que tem ou não para explorar o ambiente, para tomar iniciativas, etc. Mas, apesar de nesta idade ser uma questão central, continua a ser, pela vida fora, um processo em evolução que em grande parte dos adultos ainda está a ser trabalhado e a influenciar profundamente a sua vida.

A autonomia tem a ver com o facto de a pessoa se assumir e se tornar uma pessoa com uma individualidade própria, diferenciada e separada dos outros, nomeadamente dos pais (ou de outras pessoas significativas quando se trata de adultos). É constituída por várias componentes:

Uma componente emocional - a pessoa sentir-se ou não abandonada, isolada, nostálgica, perdida, triste, etc., quando experimenta a solidão, ou, por outro lado, estar bem consigo própria apesar de apreciar e precisar da companhia de outros para se sentir mais feliz.

Uma componente cognitiva - a pessoa ser ou não capaz de ter uma relação plena com as suas experiências, sendo capaz de reconhecer, avaliar, compreender, e dar significado aos acontecimentos, às pessoas, aos lugares, etc., sem precisar da mediação de outros para esse efeito.

Uma componente de identidade - a pessoa ser capaz de definir quem é e como é, diferenciando-se dos outros e das suas origens, criando a sua própria maneira de ser e estar no mundo, os seus próprios valores e ideologias, preferências, gôstos estéticos, etc., sem se sentir perdida, confusa, anónima ou "amorfa" quando separada das suas origens (não se trata de abandonar as suas origens, mas de senti-las mais como uma parte de si própria que representa uma base e um ponto de partida).

Uma componente ligada ao "self" - a pessoa ser capaz de - sem precisar da validação de outros - reconhecer e gerir os seus estados psicológicos internos (humor, sensações, idéias, etc.) e as diferentes dimensões que constituem o seu "eu".

Uma componente ligada ao seu auto-conceito - a pessoa avaliar-se e aprovar-se a si própria segundo os seus próprios critérios e não por critérios externos.

Uma componente relacional - a pessoa assumir-se como um interveniente nas relações com os outros, alguem que age e reage com um conjunto de características como afirmação, assertividade, iniciativa, sensibilidade, responsabilidade, ponderação, etc.

Uma componente comportamental - um repertório de competências e aprendizagens importantes (como a capacidade de se auto-sustentar, de prover às suas necessidades, de aprender, de planificar e implementar objectivos, e poderíamos continuar a enumerar por aí fora uma quantidade de aquisições importantes para a vida da pessoa).

E também se poderia enumerar mais componentes que não me esteja a lembrar daquilo a que chamamos autonomia, mas estas parecem-me talvez as mais importantes.

Este caminho faz-se nas relações humanas mais importantes para a pessoa ao longo da sua vida, sendo que o equilíbrio entre a segurança e a liberdade são essenciais para que seja um caminho bem sucedido. É um caminho longo, delicado e às vezes doloroso, mas que envolve também a paixão da descoberta de si próprio e da maravilha que é viver, sentir e apreciar este Dom misterioso e infinitamente grandioso que é existir.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A toca do bicho Homem

Uma casa, na minha concepção do termo, é uma espécie duma "toca". Esta ideia remete-nos desde logo para um lado animal e natural do conceito de casa. Uma casa é uma coisa que está "em relação" com o que há fora de si, ou seja, o conceito de casa implica uma relação com a Natureza: a função da casa é regular a relação do Homem com a Natureza, defendê-lo das intempéries, das temperaturas extremas, da acção de outros animais, etc. E para mim, não só a casa é uma forma de relação com a Natureza, como deve ser uma extensão modificada e um reflexo dela: deve ser um pedaço de Natureza transformada de modo a servir o Homem nas suas necessidades, e não deve ser uma coisa separada da Natureza, sem vestígios dessa Natureza dentro de si. Em todas as culturas tradicionais, o recheio das casas privilegia significados relacionados com a Natureza: peles de caça, chifres de presas, couros, tapeçarias, representações artísticas de animais e plantas, materiais "nobres" como a madeira ou o mármore, e por aí fora.

Outra característica que, para mim, uma casa deve ter, é conforto. A casa, já que é feita para regular a relação do Homem com a Natureza, deve ter condições benignas para o Homem: conforto, luz, calor, por exemplo. Mas mais do que isso, deve representar uma relação de amor do Homem consigo próprio: o Homem deve tratar-se com carinho através da sua casa. As coisas devem estar lá para o servir, para tornar a sua existência mais agradável e criativamente rica. Não é necessário que haja luxo: tudo isto pode ser feito com simplicidade e despojamento.

Finalmente, para mim, uma casa deve ter em si também uma relação da pessoa que a habita com a História da sua cultura e da sua família, e deve ter um sentido de continuidade entre o passado, o presente e o futuro. Esta relação não deve estagnar no passado, através de estilos antigos ultrapassados, mas também não deve ignorar o passado. E deve ter em si o reflexo das experiências presentes que vão alterando a relação do Homem com o mundo, aberta à introdução de novos elementos no futuro.

Por todas estas razões, é-me difícil gostar de estilos arquitectónicos que rompam com estas três características, como por exemplo o minimalismo. Como é que é possível alguém sentir-se na sua "toca" numa casa minimalista? Onde está aí representada a relação com a Natureza, a ligação aos elementos culturais que fazem parte da história da pessoa e das suas origens, e onde está aí o conforto, o calor e o carinho das pessoas para consigo próprias? Onde está aí a promoção duma existência agradável e criativamente rica? E quem diz o minimalismo, diz também muitos outros estilos... é raro encontrar casas em que uma pessoa chegue e aprecie esta densidade e maturidade no "saber viver". Mas viver é de facto uma experiência que pode ser muito mais do que a maior parte de nós sabemos.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

"As pessoas podem impedir-te de teres acesso ao que desejas. Mas não te podem impedir de tentares... e se tentares, provavelmente encontrarás uma maneira."

Eu, 2008 ;)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Economia... bah

A economia está má. E eu que ainda não percebi nada de como isso tudo funciona... quem me explica? Porque é que coisas tão sérias dependem de jogos psicológicos de confiança e optimismo nas bolsas? E o que raio são as bolsas? Compram e vendem títulos que não existem ainda (futuros)?? Vivem de apostas, e atrás dessas apostas vai tudo aquilo que é real e não fictício como os títulos e as acções? Enfim...

E porque raio é que as crises mundiais afectam a minha vida? E porque é que não podemos todos fazer uma combinação de trabalhar na mesma a fazer exactamente o que fazíamos antes, e pagar o mesmo que pagávamos antes uns aos outros?

Hum... a mim a economia parece-me uma coisa bastante estúpida, e por isso é que o meu canito não lhe liga nenhuma.